quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

HAVIA UM HOMEM

havia um homem
que comia grãos de pólen
tal era a sua luz interior
havia um homem que subia
bem alto e beijava o
plexo das telhas
amplexamente
havia grandes casas
com luzes acesas
e mãos disparando revólveres
ampliando o estalido das bocas
na escadaria
fazendo bramir a estrutura firme
dos prédios
a pólvora fazia estremecer
o homem das grossas mãos
dos grãos de pólen ingeridos
como se fossem ampolas
viajantes
era um homem escrevia em
cadernos cor de rosa
que julgava as letras
serem grandes incêndios
e a aurora uma coisa boreal
formigando nos dedos
uma cabeça assim voa
no redemoinho das casas
um homem que beija paredes
até que lábios e cal esmaeçam
um homem labial e isento
de qualquer nódulo
neste momento nódulo
frente a frente numa casa
acontecia a ciência de um beijo
com toda a alquímica magia
de lábios
as mãos apoiadas nos tampos
instáveis
o torso de cavalos
trotando no peito
havia um homem
havia uma mulher
comendo grãos de pólen
a uma mesa

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