segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Fuck me Fafina

Na parede lateral da festa do amor a inscrição tornava-se cada vez mais nítida, as coxas róseas de Fafina, não estavam envolvidas, como é hábito, por qualquer película protectora. A seu lado, a sua companheira Flora observava as velas brancas rompendo o arco do estuário como dedos curiosos perscrutando o ar salobro da tarde.
Flora não conseguia dissipar aquele som de grasnido de gaivota sobrevoando todo o seu corpo em contornos de volúpia e o som tornava-se mais claro, e a urgência mais urgente, sempre aquelas palavras zumbindo na cabeça como setas certeiras de encontro ao ventre: "Fuck me Fafina", era a única peça frágil de linguagem que lhe emanava dos lábios ávidos, com o aroma próximo dos sargaços.

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