terça-feira, 22 de janeiro de 2013

AXE

"AXE (terror in fact)" está em construção e será o meu próximo livro. Lanço aqui o desafio a todos os leitores para uma participação nessa edição com a "Nota introdutória" ou "Nota de abertura", que deve ser enviada através de mensagem para o endereço de correio electrónico: pauljcorreia.arq@gmail.com. Aos três melhores textos será oferecido um exemplar do livro.

Nota: Para apoio à participação consideram-se todos os textos aqui publicados com referência ao "homem do machado", até 15 de Fevereiro de 2013.

Paulo da Ponte

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

(...)

estou aqui, só, deixado ao frio na repartição,
lá fora ouço vozes, sinto a robustez do teu peito
de maçãs, quando aqui fui abandonado,
já não me lembro bem, era uma sexta-feira,
cães ladravam na baía, lia Rilke e fumava
desalmadamente colunas de cetim,
o fumo, em rolos, ascendia muito para além
do abandono que sinto aqui, preso,
aos teus dedos amarelos de amor.

3-01-2013

Batráquios

Recebemos o novo ano em contacto com a água. Assim deve ser, como no baptismo, a boca encostada à película aquosa que aflora das rochas.
Somos grandes batráquios, o sol invade-nos, distamos da falésia o tempo suficiente para nos protegermos da onda ou da glauca maré. Lançando os olhos a esse princípio de oceano é o novo ano que se estende da ponta do areal até ao fino traço sobreposto às águas. Tudo se confunde nessa manhã, o cheiro a algas, o sal forte que se forma nos baixios, a suave cal descolando das paredes aldeãs. Já nada disto existe em cada novo ano, mas um recomeço é sempre um novo edifício por construir, erguido com as mãos para ser sentido com os dedos.

2-01-2013