Recebemos o novo ano em contacto com a água. Assim deve ser, como no baptismo, a boca encostada à película aquosa que aflora das rochas.
Somos grandes batráquios, o sol invade-nos, distamos da falésia o tempo suficiente para nos protegermos da onda ou da glauca maré. Lançando os olhos a esse princípio de oceano é o novo ano que se estende da ponta do areal até ao fino traço sobreposto às águas. Tudo se confunde nessa manhã, o cheiro a algas, o sal forte que se forma nos baixios, a suave cal descolando das paredes aldeãs. Já nada disto existe em cada novo ano, mas um recomeço é sempre um novo edifício por construir, erguido com as mãos para ser sentido com os dedos.
2-01-2013
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