Abandona o emprego, o bloco firme a que chamas
casa, os horários certos, a cama feita de lavado, a servidão que te impõem ao
peito, como insígnia metálica, em troca de uma escassa côdea. Desdenha dos
que elevam a voz nos palanques inatingíveis, que te olham de cima para baixo
como erva daninha, sobretudo desconfia das assembleias e dos votantes, daqueles
cuja limpeza exterior encobre o vil esterco. Enche os bolsos de papéis para
os inquiridores, para que se deleitem em longa quermesse, atira com pressão
de ar à curva ascendente dos mercados, rebenta os lucros como balões, esvazia
as contas dos ávaros e magnatas e enche com o seu produto grossas morcelas. Cava
o teu fundo covil, rega as regras à entrada, pode ser que cresçam mais
justas, do meio da verdura e depois com uma faca afiada, zás, corta o falo
pela raiz, uma e outra vez, ceifa a cabeça aos energúmenos, produz suficiente
lama para cobrir os castos, urde ataduras húmidas para ungir os bácoros,
grunhe se puderes e chama o grande irmão para te acompanhar, para fazerem um
coro de idiotas, os dois, olha que estão bem um para o outro: engraçados, que
da fome não fazem a mais pequena ideia, a não ser a que retiveram de um
episódio longínquo do National
Geographic.
Paulo da Ponte
Julho 2013
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segunda-feira, 5 de agosto de 2013
LADAINHA BREVE SOBRE FUNDO MUSICAL DE "Host of Seraphim"
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